O homem que sentia demais


Sua voz insegura ecoava pela sala naquela manhã de segunda-feira. Você dizia tudo bem, eu estou bem. Mas na verdade, o seu coração está infeccionado de tanto sentir. Só você não percebe que sente demais. O mundo e suas pedras, espinhos e pessoas, estes estão te sufocando de tanta dor. Você Gostaria de pedir socorro ou até mesmo apertar o botão “exit” da vida, mas este comando não existe.  Estais aqui, agora, então sinta o pesar de viver em seu corpo já velho e cansado.
E você sente, o problema é que você sente demais.  Não lhe culpo de não saber envelhecer. Apesar de ensinar arte, há uma arte que desconheces, a de saber ficar velhinho.  Mesmo assim, você vai seguindo sua vida com sua bolsa de remédios grudada em sua cintura. Quando anda; pisa em falso, quando lança seu olhar; se retraí, quando fala; gagueja, quando aborrecido; chora...  Suas lágrimas salgadas se esparramam pelo chão, você é um homem que sente demais.
Quando vai chegando à idade tem que se colocar na mala duas porções mágicas; uma é gratidão e a outra é o perdão.  Essas porções têm que ser tomadas todos os dias, como remédios; ao levantar e ao dormir, não pode esquecer.  Quando levantar já estará grato por mais um dia concedido e ao dormir, grato pelo bom caminhar do dia que se findou. O perdão é extremamente necessário ao longo do dia, pois haverá empecilhos á beira do caminho que poderão te angustiar.
Não digo que a vida é um mar de rosa e sim, uma única rosa. Essa rosa, aparentemente tão linda, que te convida a sentir o seu bom e suave perfume, essa rosa tem espinhos. Por mais que Andes a vaguear pelos cantos do mundo sentindo como essa “vida-rosa” pode ser doce, você se machucará, o importante é não sentir demais.  Quem ao furar o dedo em um espinho pressiona-o mais ainda contra ele?  Me diga quem?  Quem irá querer sentir demais?

[/14 de maio de 2012]
Viviane Carvalho Lopes
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1 comentários:

O Neto do Herculano disse...

Sentir de mais
é viver demais.