VIVA O POVO BRASILEIRO!!!



Viviane Carvalho Lopes

Cinco, seis, sete horas da manhã acorda a massa que move o Brasil. Operários de uma fábrica de tecido, motoristas de uma empresa monopolista, - região sul-baiana – acordam os professores, intelectuais e os estudantes, universitários ou não. Correm atrasados, comem fatigados. Bebem o leite do produtor que acordou bem cedinho para ordenhar. E os patrões? Acordam para ordenar: a produção e os homens. Homens de RG, CPF e carteira de trabalho. Homens e mulheres que possuem crachá, número de matrícula, horário pra sair e chegar, sem tempo, se sentem produtos improdutivos. E sabe de uma? No fim das contas não se dão conta que não possuem número, os números os possuem. Na cidade, os homens se confundem com as máquinas e perdem o jeito de olhar. O olhar que se perde no pontal, no ônibus lotado, no meio da vastidão do sertão, no encontro com a morte e no infinitude do mar-horizonte. Um dia, o operário, patrão, professor, intelectual e estudante se darão conta da vida de gado marcado, predestinados ao contar do tempo, ao trocar do tempo... Nós nos confundimos com heróis e não-herois: somos, antes de tudo, fortes. Entretanto, depois de tudo,  quase paralisados; na pior das paralisias, a que não se para as pernas, mas o fluir da imaginação. Mas meus sinhôres, não hão de se esquecer que a revelia sempre vem, porque a menina trocou o smartphone pelo livro Macunaíma, o cobrador ta de jornal na mão e o motorista ouve Chico Buarque no radinho, a relembrar os tempos-64 que não, absolutamente não, podem voltar. O cálice se afasta, assim como o “cala boca, negro!”. A senzala agora é quilombo e o meu povo ta na rua, no ônibus, na universidade, na literatura. A revelia que transforma a dor em poema e poesia se relembra dos corpos jogados já fétidos no atlântico, e a seca do sertão... Ô Deus, e se houver Deus...que não se repita, não se repita...os séculos, os anos, os meses, horas e dias contados pelo povo que opera e move o país. Não somos bobos, o ‘tutu’, Money, dinheiro que vai pra mão do patrão não pagaria os danos morais causados pela escravidão. O meu povo ta marcado,  mas o meu povo ta em movimento. É a massa que move o país, é a massa-onça que não ficou calada. Massa tigresa que inda se baseia na tevê, não percebendo que essa não a vê. Só não se esqueça mecê, que a revelia chegou dentro de mim, e vai chegar até os “vosmicês”, “você”, “vcs” e “a gente”, que modifica a língua, que inova e transforma o país em uma país de toda a gente. Viva o povo brasileiro!

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