ELES NÃO PODEM BRINCAR.

Viviane Carvalho Lopes



Voltando a minha infância vou lhe contar uma história. Certa vez fui brincar com o pessoal do meu bairro estávamos brincando quando chegaram uns meninos mal-vestidos e negros traziam nas costas caixas de madeira com o material para engraxar sapatos eles pediram para brincar conosco logo meu amigo Pedro disse que não, pois não havia condições de uma criança como ele brincar com engraxates depois disso fomos embora para nossas casas.
Senti uma terrível tristeza mais me lembrei do que minha mãe me dizia – Celeste! Não brinque com esse tipo de gente-. Agora que sou adulta vejo esses mesmos meninos , escravos do crime , ou das drogas , e me recordando desse tempo, vejo que foi eu que os criei , os marginalizei.
Sou jornalista, escrevo em uma revista famosa e na edição desse mês escreverei “As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade”. Sei que fui imatura ao ir para a minha casa depois desse episódio , humilhamos meninos que simplesmente pediram para brincar , quantos amigos eu perdi por preconceitos por um olhar difundido do que realmente é real.
Espero que eu possa passar aos meus filhos uma nova concepção de diferença, e que sem preconceitos eles possam viver, pois hoje sou casada com um homem maravilhoso e negro. Sei que meus filhos não serão engraxates mais poderão ser negros , e penso , qual é o mundo que receberão meus filhos? Um país que esconde o racismo debaixo do tapete? Que se utiliza de preconceitos e depois passa a imagem de não o ter? .Não é esse Brasil que quero.
Vamos parar de egocentrismo e de vida individualizada. Pensar em quem somos é o principal, e aceitar o que o outro é, independente , de cor , religião, opção sexual,partido, time.Aceitar os outros é nos auto-aceitar , porque somos uma nação, somos brasileiros.





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